quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SEREIAS


A Suzana quase teve um infarto
quando perguntou para filha, a Julinha, o que ele queria ser no futuro

__ Quero ser uma sereia
__ Sereia?
__ É, mãe, sereia! Daquelas com rabo grande e conchas nos seios.

Claro que isso não seria um problema se a Julinha não tivesse dezessete anos...

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“Bem”, pensou a Suzana, “não é uma médica como queria que fosse, mas tem lá seus mistérios”
O pai de Julinha, o seu Antenor, se opôs drasticamente a idéia. Era um homem de princípios e mais tradicional que rótulo de aveia Quaker:

__ Filha minha não sai por ai mostrando rabo pra ninguém!

Mesmo assim, após muita insistência da Suzana acabou cedendo, mas aconselhou a filha:

__ Tome cuidado, minha filha! Você sabe o que fazem com peixe né?
__ Não, o que papai?
__ Cortam a cabeça e comem o rabo...

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O namorado da Julinha ficou desconsolado com a descoberta, já que eles moravam no interior de Minas e ela teria que se mudar para o litoral e acabou recusando o convite de Julinha. Disse que talvez não ficasse bem de calda. Alem do que, tinha outros planos para o futuro: ser Unicórnio.

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O infarto veio mesmo quando soube da tragédia: no meio do caminho a Julinha se apaixonou pelo Saci- Pererê e foi morar na amazônia, depois teve um caso com o Curupira, que não é tão feio como falam e o mais próximo que chegou de ser uma sereia, foi um romancesinho de água doce com o Boto-Cor-De-Rosa.