terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dor de cabeça


Minha cabeça após a queda.


Minha cabeça está melhor depois da queda no assoalho do córrego. Ficou um pouco torta e disforme, mas vai ficar melhor. Quando batemos a cabeça em algum lugar, as coisas ficam um tanto fora do eixo. Elas rodam. O líquido que fica no interior do ouvido chacoalha e perdemos o sentido de equilíbrio. É quando nosso mundo (ou aquilo que pensamos ser mundo) fica de cabeças para o ar.

Estamos constantemente batendo a cabeça em algum lugar. Nosso mundo gira quando tudo parece estar nos devidos conformes e temos que nos readaptar com a gravidade. De certa forma é bom bater a cabeça, caso contrário as pessoas não usariam drogas. Faz-nos perceber o quanto somos instáveis, passageiros, insanos. O quanto precisamos evoluir como ser humano.

Então, que nesse 2011 batamos muito com a cabeça, mesmo que deixe disforme ou irregular, mesmo que doa nos primeiros dias, mesmo que deixe marca. Só assim saberemos o quanto estamos vivos.

Feliz ano novo a todos!!!

São os votos de Saulo Madrigal!!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Sonhos de superfície



E depois de tempos voltam os sonhos de superfície. O limiar entre o real e o Real. Ele passa pelo dia como quem espera a noite, mas não quer dormir. Sonhos de superfície... Recapitula todas as cenas, verifica os ângulos como um diretor de cinema. Engraçado! Todas as recapitulações são em terceira pessoa: ele se lembra da cena como realmente tivesse assistindo um filme, se vê conversando, mas não consegue estar na cena, por medo talvez de ver o ódio irradiado para o ambiente, ódio que sai do olho que se perdera em tempos remotos. Rebobina. A cena muda conforme a realidade que se desejava que fosse. Mas é apenas uma projeção de como poderia ter sido. Sonhos de superfície.

O ódio irradiado projetado numa tela já usada é a temática principal da película. Imagina se ódio causa poluição ambiental, mas percebe que não tem provas científicas e decide permitir (como se dependesse de sua vontade) que vagarosamente as cenas se confundam e se misturem. Propositalmente deixa-se levar pelo mundo dos sonhos de superfícies, de cenas montadas, de realidades paralelas de mundos que só ficarão no campo da ficção.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma cena Pitoresca




Uma cena pitoresca.

No meio da madrugada a casa parece tremer de frio sob a chuva. O relâmpago ilumina o quarto vez ou outra para depois se ouvir um estrondo ensurdecedor. Como flashs poderosos disparados, a luz momentânea produz projeções de sombras fantasmagóricas. Um colchão velho cheio de traças, uma garrafa de água, um cobertor fino parece não ser o bastante para conter a febre. Mais um estrondo e ele desperta resfolegando.
A febre que sente não é física. Atormentado durante o sono desperta com imagens de um filme que já conhece muito bem. Cenas que se repetem em sua cabeça com uma frequência não captada por órgãos dos sentidos humanos. Uma agonia de não querer ser. Um frio na barriga que parece ser a alma tentando se esconder no estômago (ou mariposas).

Mais um relâmpago, mais sombras...

O limiar da luz é onde se forma a sombra. Aonde a luz não chega, a escuridão é deusa. Aonde a luz não chega!

O sono não volta mais – Pensa.

Reflete sobre isso e vendo que o relâmpago de 300.000 km/s não o alcança, percebe-se imerso na escuridão. Olha em volta e como não há mais que o velho colchão cheio de traças – que agora deixam o colchão e se alojam em seu estômago –, sente-se perplexo e só.

A chuva se amansa. Os flashs diminuem, a escuridão aumenta. Agora com todas as traças em seus estômago, se espremendo entre as microvilosidades e a alma (ou mariposas), sem móveis em sua ultima noite numa residência que não é sua, pede apenas que amanheça logo mesmo que a chuva permaneça por longos meses.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tragicomédia da Vida Real

Dois casos terrivelmente reais me chamaram a atenção durante minhas samanas insones. O primeiro, com um colega da infância distante, pouco depois dos tempos imemoriais ou outro conto depois:




O rapaz, astuto, galanteador e zombateiro conquistou o coração da que eu chamo aqui de Maria Lúcia. João do Santo Cristo – esse rapaz que requestrou Maria Lúcia – sabia que a mulher que havia conquistado era mulher de um certo Jeremias, maconheiro e sem vergonha, traficante de bolinhas de gude da pacata vila de Santo Sebastião. João do Santo Cristo encontrava-se em perigo e resolve fugir para terras distantes, para além de grande Taguatinga, com sua amada Maria Lúcia, ao que Jeremias, traído pela mulher que havia escolhido para si, das tantas mulheres existentes no mundo que poderia envolvê-la com tapas, socos e pontapés, caiu em profunda desgraça. Deprimido, zombado em sua vila, saiu a procura dos dois desventurados.
O tempo passou ligeiro. Joãos do Santo Cristo com sua amada viveu feliz por todo esse tempo. Fizera em Maria Lúcia uma linda donzela que já completava seus três anos, cada dia mais astuta, engenhosa e serelepe que onde chegava chamava atenção de todos evidentemente. Nesse interim de felicidade vivia João do santo Cristo sem sbaer que o perigo o espreitava ao longe.
Num belo dia, quando João do Santo Cristo saiu para compra broas quentes, feitas pelo padeiro da região, panificação preferida de sua filha e mulher, foi seguido por Jeremias, que o havia encontrado há tempos por informação de um comparça, e estava a espreita esperando oportunidade ideal para acertar as contas. Assim que chegou em casa, João do Santo Cristo, feliz como é feliz um homem que ama, senta-se e compartilha com suas duas amadas as broas quentes recém assadas quando de repente, mesmo antes que os primeiros pedaços de broa fossem degustados, entra violentamente pela porta, espera que João do Santo Cristo o reconheça e saiba do que se trata tal empreendimento. João tenta esboçar um “ pelo amor de Deus não faç...”, mas Jeremias o acerta impiedosamente com cinco tiros de um instrumento de fogo. Olha para a mulher perdida, aponta o instrumento em sua direção, mas não consegue atirar na mulher que ainda amava e sai em disparada antes que as autoridades chegassem.
O corpo sem vida de João do Santo Cristo caído ao chão, ochoro de Maria Lúcia abraçada ao corpo e a criança com o olhar perdido, trêmula, imberbe em neblina. Pouco tempo depois a criança que nunca mais fora a mesma desde do dia trágico, não se mostrava serelepe nem engenhosa, não saiu mais de casa e um dia de chuva em pleno mês de novembro, sua mãe a encontra morta no lado da cama onde seu pai costumava dormir. Morreu de tristeza e dor.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

CPI do Chocolate

Foi o Zequinha quem fez a denúncia que envolvia o irmão mais velho, o Carlos, sobre um escândalo de corrupção. Tudo isso por causa de um pedaço de chocolate. O Zequinha pediu e o Carlos não deu. Assim ele (o Zequinha) resolveu botar a boca no trombone mesmo, acusando Carlos de desvio da verba do cursinho de inglês para o financiamento de uma moto.
A princípio o seu Aristides, que se declarou presidente, teve pressa em fazer uma investigação e intimou Carlos Souza para depor, após ser feita a quebra de sigilo de gaveta (um espaço adolescente altamente perigoso e sombrio) onde foi descobertas duas revistas playboy de 1989, um comprovante de pagamento do suposto esquema de financiamento, dois rolos de barbante que o seu Aristides achou bastante suspeito e um bolo de notas antigas.
O depoimento de Carlos durou quase duas horas e foi bastante revelador. Três nomes foram citados como beneficiários dos recursos desviados: Lucia Souza, a Lucinha, e Rosa Souza, aparentemente irmãs (pelo menos era o que suspeitava o seu Aristides que era o pai).
Com todas as provas (inclusive o comprovante do pagamento da vigésima segunda mensalidade da moto) Carlos alegou serem falsas as acusações feitas por Zequinha e disse que isso foi uma manobra feita por ele (o Zequinha) para manipula-lo.
Sobre as duas irmãs envolvidas no suposto esquema não estavam obrigadas a falar a verdade e pouca coisa se revelou. Seu Aristides exigiu a quebra do sigilo de escrita e analisou todas as anotações dos diários das garotas dos últimos seis meses onde não encontrou nada além da descrição exata dos últimos 17 caras que a Lucinha havia agarrado, com uma longa lista dos 35 possíveis pretendentes.
No diário de Rose Souza, apareceram vários nomes, entre eles o de D.Janice Souza, mãe de Carlos Souza, o então acusado do suposto esquema e imediatamente foi convidada a depor, mas que usou o pretexto de estar fazendo almoço para conseguiu mais tempo. O que chamou atenção de seu Aristides, no entanto, foi uma série de desenhos macabros e obscuros. Aquilo teria que ser verificado...
À tarde Zequinha encontrou alguns comprovantes de compras feitas em nome de Aristides Souza, o então presidente da CPI, queimados na varanda e pediu pressa na apuração de fotos além de observar um comportamento suspeitíssimo de D. Janice Souza que, apesar de não ser fumante, carregava consigo, por todo dia, um pequeno isqueiro.
Devido a pressão feita por Zequinha (e talvez pq estivesse na TPM ) D Janice Souza acabou cedendo e confessou ter feito tráfico de influência para colocar Carlos no curso de inglês, mas não tinha envolvimento no desvio de verba; e mais: disse que havia estourado o limite de cartão de crédito de Aristides...
Enquanto isso Carlos tentava uma possível negociação com Zequinha, oferecendo-lhe uma barra de chocolate caso ele (o Zequinha) retirasse as acusações.
O Zequinha aceitou com a condição de ser o chocolate que ele quisesse impreterivelmente nas sextas-feiras antes de da aula.
Ao final todos comeram uma pizza do tamanho do Congresso Nacional.
Com a acusação anulada, seu Aristides deu por fim as investigações mas continuou com a pulga atrás da orelha.
_Aqueles rolos de barbantes...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2222 -TIRIRICA, pior do que tá não fica. (será???)

Algumas candidaturas revelam a indignação e a desmoralização da nossa política. Após a quantidade de votos recebidos pelo Macaco Tião em 1988 (em torno de 400 mil), numa candidatura não oficial lançada pelos humoristas do Casseta e Planeta para a prefeitura do Rio de Janeiro, a desmoralização subiu às alturas astronômicas. Nas eleições passadas tivemos eleito o finado Clodovil, e Frank Aguiar que eu me lembre. Agora temos a honrosa candidatura para deputado Federal por São Paulo pelo PR, nada mais nada menos que Tiririca.



Em um dos seus brilhantes discursos diz “O que faz um Deputado Federal? Na realidade eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto. Vote no Tiririca, pior do que tá não fica”.
Tiririca é humorista talentoso e acredito que deva continuar como artista e não sujar sua imagem com a política.

A Democratização da Democracia




A crise que se abateu sobre o Distrito Federal é a prova cabal da fragilidade da democracia e da prática política, bem como do desfaçamento das instituições públicas quando da utilização da coisa comum, coisa pública. A análise pode ser feita, no entanto, olhando-se por dois aspectos: se por um lado a crise mostrou-nos a nudez moral, as práticas culturais corruptas e ultrapassadas, a pequenez de espírito de nossos representantes; por outro fez nascer (ou evoluir) a indignação popular, a organização da sociedade civil – desorganizada - em torno de um objetivo e o senso crítico em expansão que fez, por exemplo, um governador de Estado dormir na prisão.

Não se pode negar que no fim de tudo as amarras foram afrouxadas, os culpados foram soltos e o dinheiro público tornou-se patrimônio de outrem que não seja o povo, mas já é um começo.

A questão básica da democracia e o que a alimenta é justamente a participação. A participação ativa evita que nasça o corrupto, impede que o dinheiro público seja encontrado numa conta particular e garante inclusive que seja usado de forma efetiva e eficiente (uma vez que o orçamento é autorizativo e não obrigatório).

A democracia é uma prática de conquista diária, é a luta pela minimização de interesses egoístas e a busca pelo coletivismo. Viver democraticamente de fato é um passo evolutivo.