quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mimetismo Animal



Sinto-me consumido por aquilo que jamais poderei eliminar. O triste diagnóstico da incapacidade genética de ser livre, reforça o desejo obsoleto de um lugar calmo e seguro.

Oscilando entre um texto político e outro auto biográfico monto um degradê
estranho de emoções e sentimentos escusos: procuro não expor meus segredos e pecados, mimetizo pessoas normais e passo despercebido, exalo odores, destilo venenos e mantenho a continuidade da espécie.

Me recolho num interior distante e encontro na margem da nostalgia um local virtualmente seguro, inerte e cheios de falhas na Matrix: um lugar que retroage sempre e sempre e sempre para e em si mesmo, porque não há continuidade fora do mundo criado para ser perfeito.

domingo, 29 de maio de 2011

Por que não!!

Me alimento do silêncio deixado por você no quarto,


sorvo o último fluido seu que ficou no meu corpo,


Me apego às lembranças esquecidas, ao passado insistentemente relapso.


Me fragmento em mil pedaços exatemente milimétricos e construo com eles um castelo: um mosaico de solidão.


Interpreto todos os acontecimentos, reflito, internalizo e chego a uma conclusão obvia: por que não??

segunda-feira, 16 de maio de 2011

De volta vivo!!!

Pessoal, a viagem a Terra Ronca foi maravilhosa.... Muitas surpresas, um lugar realmente fascinante. Não digo apenas pelas cavernas, mas o conjunto todo...incluindo o grupo de alunos que participou da viagem contribuiu para uma semana bastante agradável!

Tivemos oportunidade de ver vários animais, conhecer pessoas que contribuem para a proteção do local.... só não vimos as onças que teria sido incrível. bom de qualquer forma valeu a penas.

Tirando a parte ruim (que fiquei doente de cama, cheio de gripe que peguei de uma pessoinha ai) o resto foi realmente ótimo quem quiser pode ver algumas fotos no http://www.facebook.com/profile.php?id=100001599108891. De qualquer forma valeu o banho de água fria das cavernas, o cerrado com areia, os bichos, a cantoria ao cair da tarde e principalmente um tempo de reflexão pra mim!!! Da próxima vez, vamos todos juntos!!

domingo, 8 de maio de 2011

Terra Ronca, Vamos????




Hoje tava lendo um blog de uma amiga e percebi que o meu blog é muito impessoal e pouco interativo, então, estou mudando um pouco!!!!
Começando anuncio que ficarei uma semana fora. Irei para Terra Ronca com o pessoal da disciplina de Campo. O lugar é maravilhoso e terrivelmente longe de qualquer cidade. Ou seja, uma semana sem contato com a civilização. Sem bebidas, sem internet (já que nao tenho 3G).

A parte boa é a desintoxicação, a distância do barulho da cidade, do transito...No entanto, vou tentar praticar um pouco de introspecção, já que minha vida anda meio conturbada emocionalmente, como o cutuvelo doendo (percebe-se pelos textos melosos e açucarados).

Outra coisa boa é recomeço. É uma boa oportunidade de se sentir vivo afinal de contas. Crescer um pouco, amadurecer, aprender com os erros e não cometê-los novamente. enfim, o importante é estar feliz!!!!
Abraço a todos e aguardem as fotos...

https://www.facebook.com/profile.php?id=100001599108891


Saulo Madrigal


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Noites


Noite solitária que me inspira, me aborrece, me aquece, me enlouquece.

Me fragmenta, me devora, me solidifica, me alegra, me emudece, me apazigua, me consome, me vomita, me irrita, me isola.

Me decanta (pingo a pingo), me reflete, me põe medo, me atormenta, me acalma, minha alma, me ignora.

Noite insana com tantos sentimentos e sensações que resultam apenas em uma coisa: Insônia.

domingo, 24 de abril de 2011

Matemática Simples




Pensei em ti por novecentos e noventa e nove dias seguidos. Cada dia pensei em ti novecentos e noventa e nove vezes, sem falhar nenhuma vez em nenhum dia. Para que toda liturgia sacra se cumprisse conforme todos os preceitos sacros de tua santidade demoníaca, via todas as manhãs claras e não claras, as nossas fotos tiradas na polaroide naquela viagem que fizemos à marte, naquele dia de verão na pista de neve no sul do polo sul, no dia em que completastes novecentos e noventa e nove anos e te fiz um bolo tão delicioso que jogamos no lixo juntos. Ao todo eram novecentos e noventa e nove fotos, meio amareladas pelo tempo e pelo manuseio. Todas elas com teu sorriso pequeno e teu olho de águia a me olhar e me encantar e me perder... na esperança de ser encontrado por ti que me fizestes essa promessa, mas que agora não cumpres.

Ao meio dia - exatamente ao meio dia - almoçava a refeição que tu mais gostavas e bebia um enorme copo de suco de goiaba sem se quer gostar de goiaba. À noitinha, quando o sol vermelho turvo já tinha descoberto seu novo posto lia religiosamente teu diário que esquecera em minha gaveta secreta de pertences secretos e até hoje, depois de muito tempo, não sabes onde colocou e imaginas quem lera os pensamentos secretos que um dia foram, boa parte deles, pra mim. E assim vivi todos os novecentos e noventa e nove dias, um após o outro e um dia de cada vez com uma constante sensação de membro amputado, com o eterno pressentimento de que o despertador tocaria a qualquer momento e tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim (de péssimo gosto, diga-se de passagem).

Entre ver as fotos, almoçar teu almoço e ler-te pensar eu fazia o que tinha de fazer: trabalhava, estudava, pagava as dívidas, bebia, fazia dívidas, cortava o cabelo, fazia a barba, tentava dormir (sem sucesso), bebia, tentava conhecer outras pessoas, conhecia outras pessoas (sem sucesso), conversava com amigos, tomava café, consertava o pneu da motocicleta velha com motor fundido, cuidava do meu filho, lia todos meus e-mails, respondia todos os meus e-mails, lavava as roupas, passava as roupas, bebia, tentava ser uma pessoa decente e normal apesar de não ser normal.

Lembro-me hoje (e até com certa comicidade que na época não tinha) que esperei por teu telefonema - que nunca veio – Olhei na caixa de chamadas recebidas dos celular novecentas e noventa e nove chamadas que não foram as suas. Nenhuma se quer, muito embora houvesse novecentas e noventa e nove ligações para ti, sem resposta ou perspectiva de resposta e fui me convencendo de que estava perdendo a conta dos meus dias, das minhas horas vazias de números complexos fatoriais... tentei por uma ultima vez recompor todos os fragmentos de mim espalhadas em novecentas e noventa e nove partes e integrá-las com Leibniz assim ensinou, mas não tive sucesso, matemática nunca foi meu forte.

Quando finalmente cheguei ao noningentésimo nonagésimo nono dia, faltando novecentos e noventa e nove segundos para seu fim notei que a matemática requerida para a situação era tão complexa que debruçava-se sobre si mesma milhões e milhões de vezes criando um atrator estranho que levou-me de ti, das tuas fotos minhas, do teu almoço, do teu diário e do teu desprezo: hoje, o milésimo dia se quer penso noventa e nove virgula nove por cento que estive ao seu lado, que fui você, quis você, chorei você, dormir (ou não dormi) você... penso apenas - e agora com novo ar de obsessão – nos zero vírgula um por cento que poderia ter vivido contigo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Tudo que vai"

Esse texto é de uma escritora em ascendência vertiginosa: Polianna

Martins
!!!
É realmente um belo texto e merece ser reblogado. Então, com

sua licença poética, Polianna, publico-lhe:

"Tudo que vai..."





Te esperei, e espero todas as noites, sufocando o choro no travesseiro, afagando meu próprio cabelo, e limpando a maquiagem borrada dos olhos com o lençol, que tem seu cheiro. Te espero, conto os segundos do relógio que você me deu tempos atras, e assim vou esperando, imaginando seu vulto entrar por aquela porta que tanto nos viu passar, que tanto nos sustentou,

tomados pelo desejo, pela loucura de momento, tantas vezes presenciou nossas brigas, nossos gritos de amores incontroláveis. Eu ainda espero sabe, confusa, silenciada por tantas palavras que foram ditas por silêncios de olhares, espero feito boba, louca, perdida. Com essa esperançazinha guardada no fundo do peito.


Polianna Martins

terça-feira, 22 de março de 2011

Fim dos Tempos? Ou o Inevitável caso do Eterno Retorno



evangélicos do mundo todo se deleitam com a possibilidade da volta de Jesus para busca-los - pois apenas eles serão salvos – por conta das intensas e recorrentes catástrofes naturais de proporcionalidades inenarráveis, nós, ímpios, pobres mortais destituídos da graça de Deus, observamos atônitos (ou mesmo participamos como no caso da região Serrana do Rio) as tragédias ocorridas nos últimos anos. Imaginamos realmente que o fim do mundo está próximo e não é pra menos: de 2001 pra cá, cerca de 10 abalos sísmicos de escalas desastrosas atingiram várias partes do mundo, contabilizando mais de 400 mil mortos (sem estimativa para as vítimas do Japão), isso sem contar com enchentes, inundações, ciclones, ondas de calor e uma longa lista que remonta os idos de 1138, na síria com a morte de 230 mil pessoas após um grande terremoto, seguido da peste negra na Ásia central e Europa com um número absurdo de mortos: 75 milhões de pessoas perderam suas vidas.

A lista de catástrofes que conhecemos é enorme. No entanto há eventos de magnitudes impensáveis que não temos registros, apenas evidências. O fato é que catástrofes como as ocorridas nos últimos dez ou cem anos sempre aconteceram e continuarão a acontecer. Quando vemos coisas assim é mais humano pensar que a tendência é piorar... (consequências da complexidade evolutiva de nosso metapensamento).

Caso não tivéssemos os meios de comunicação que temos hoje, dificilmente saberíamos que o Japão estaria prestes a emergir no oceano pacífico. Nem precisa ir tão longe, pouco saberíamos que a região serrana do Rio tinha sido devastada pelas chuvas intensas... O que acontece no Japão, parece filme de ficção científica: Tsunamis, desastres nucleares... não me assustaria se anunciassem a chegada de um meteoro gigante à Terra (é possível!!!)

O Planeta tem seus processos naturais. Eles são cíclicos, mas o homem não respeita esse ciclo. A interrupção desses ciclos gera o agravamento desses desastres naturais e claro, após o surgimento do homem moderno, esses desastres vêm se tornando mais frequentes. Em minha opinião a culpa desse agravamento é consequência da ambição do homem que atua em seu ambiente da forma mais prejudicial possível.

Se o fim do mundo está próximo, eu não sei. O que sei é que se continuarmos nessa mesma mentalidade mesquinha, egoísta, antropocêntrica e desreipetosa o fim do homo sapiens será inevitável.

terça-feira, 15 de março de 2011

End Game


No fim, quando chega ao fim mesmo, não há beijo de despedida. Não há nenhuma música romântica tocando enquanto se afastam... apenas um zumbido surdo e irritante que não cessa nunca. Nunca!

Os números não precisam ser apagados do celular, pois já estão na memória de qualquer forma. Apenas não se quer ligar mesmo, não tem mais por que! A devolução de pertences alheios se faz sem cerimônia. Por um amigo ou uma amiga em comum. O que der. O resto não se faz questão. Perfis sociais modificados por frases que alcancem de alguma forma o outro, do outro lado. Ora que machuquem, ora que façam refletir...

A casa vazia, cheia de lembranças despedaçadas. A alma vazia, cheia de hematomas metafísicos, enrugada, acuada em algum lugar do estômago que dói... (preciso daquelas pastilhas para gastrite...)

O amor, sentimento puro e verdadeiro, cede à frustração e ao constrangimento. Busca-se rotas de escape, fugas, paliativos, algo que preencha, nem que seja só por uma noite, o vazio deixado pelo outro. Busca-se apenas, sem perspectiva de encontrar de fato. Não há muito a ser feito, a não ser parar de esperar.

Os finais de semana que eram vazios tornam-se terrivelmente vazios. Os dias preenchidos por ligações preocupadas são bruscamente finalizados com um “the end” gigante. Entre um copo e outro, entre um corpo e outro, entre um filme e outro, entre um beijo e outro: apenas o torpor e a mesma hanseníase sentimental de uma vida sediciosamente estranha.

A vida segue cambaleante. Como um ébrio que não consegue sustentar a si mesmo. Ambos livres para escolherem suas próprias escolhas... percorrer seus próprios caminhos. Se cada segundo foi uma eternidade, observemos o que vem pela frente.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Feijão e o Sonho


“Você está vazia”, disse ele bêbado com duas latinhas de cerveja. “Cansou! Você precisa de alguém que enxergue seu vazio, que veja através dele um segundo antes que perceba. Quando isso de fato acontecer é porque o caos interior emergiu em belas estruturas, resistentes, fortes, criativas e tudo o que era fantasticamente vazio dentro de si dará lugar às mesmas interações pulsantes e energéticamente atômicas de um pequeno sol. Um leve sorriso se desenhará em cores grená e você estará despida, nua, inocente e renovada.”

“Isso é a coisa mais idiota que eu já ouvi”, Disse ela franzindo a testa, “já te falaram que você é estranho? Vamos logo, compra lá a pipoca enquanto eu escolho os lugares...”