Você chegou,
deitou e fechou os olhos antes mesmo que o corpo desabasse no colchão! Estava
tão aconchegante e quente debaixo daquele edredom que emprestei... tão
confortável que adormeceu instantaneamente, sem culpas, sem preocupações, sem receios com o horário, o tempo ou a queda da bolsa de valores.
Por falar em
tempo, havia acabado de amanhecer. Pouco depois que chegamos, um fiapo de luz
iluminou todo o quarto, ficou realmente lindo... você obviamente não viu aquele
espetáculo e eu, com minha inevitável mania de instantes mágicos permaneci
inerte, inebriado pela luz que refletia em você.
Eu cá fui ficando naquela atmosfera mágica por um longo tempo, mas que pareceu uma fração de segundo ou um pedaço de eternidade... não me lembro bem.
Eu cá fui ficando naquela atmosfera mágica por um longo tempo, mas que pareceu uma fração de segundo ou um pedaço de eternidade... não me lembro bem.
Possivelmente você
sonhava. Tive certeza que no seu rosto havia um sorriso esboçado. Mas o que
sonhava? Sem dúvidas o sonho era bom, bonito... era uma paisagem onírica? A
lembrança de um amor? Uma pintura de Dalí com seus relógios persistentes? Nunca irei saber nada sobre o que expressava aquele esboço de sorriso enigmático, um
sorriso “Monalítico”, mas autêntico, impassivelmente autêntico.
E quanto tempo
permaneci naquele pré-sono? Realmente não
sei. Enquanto delirava nas ondas eletromagnéticas do seu rascunho de sorriso, o
tempo se desmaterializava anacrônico. Mas quando acordei apenas uma dor de
cabeça insuportável: o edredom difusamente dobrado, um calor infernal como se o
próprio sol tivesse engolido a Terra e algumas lembranças de uma noite que
precisava ser eterna para ser perfeita. Quanto a você, jamais saberá que esteve
numa dimensão paralela enquanto dormia.
Um comentário:
Ah, se tudo fosse um sonho...
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