quinta-feira, 2 de maio de 2013

Um quadro onírico da presença anônima






Você chegou, deitou e fechou os olhos antes mesmo que o corpo desabasse no colchão! Estava tão aconchegante e quente debaixo daquele edredom que emprestei... tão confortável que adormeceu instantaneamente, sem culpas, sem preocupações, sem receios com o horário, o tempo ou a queda da bolsa de valores.
Por falar em tempo, havia acabado de amanhecer. Pouco depois que chegamos, um fiapo de luz iluminou todo o quarto, ficou realmente lindo... você obviamente não viu aquele espetáculo e eu, com minha inevitável mania de instantes mágicos permaneci inerte, inebriado pela luz que refletia em você.
Eu cá fui ficando naquela atmosfera mágica por um longo tempo, mas que pareceu uma fração de segundo ou um pedaço de eternidade... não me lembro bem.
Possivelmente você sonhava. Tive certeza que no seu rosto havia um sorriso esboçado. Mas o que sonhava? Sem dúvidas o sonho era bom, bonito... era uma paisagem onírica? A lembrança de um amor? Uma pintura de Dalí com seus relógios persistentes? Nunca irei saber nada sobre o que expressava aquele esboço de sorriso enigmático, um sorriso “Monalítico”, mas autêntico, impassivelmente autêntico.
E quanto tempo permaneci  naquele pré-sono? Realmente não sei. Enquanto delirava nas ondas eletromagnéticas do seu rascunho de sorriso, o tempo se desmaterializava anacrônico. Mas quando acordei apenas uma dor de cabeça insuportável: o edredom difusamente dobrado, um calor infernal como se o próprio sol tivesse engolido a Terra e algumas lembranças de uma noite que precisava ser eterna para ser perfeita. Quanto a você, jamais saberá que esteve numa dimensão paralela enquanto dormia.

Um comentário:

Karla Ramalho disse...

Ah, se tudo fosse um sonho...