Enquanto assisto uma linda mulher na TV ninguém me assiste. Nos filmes as personagens são embaladas por trilhas sonoras, iluminações multicoloridas, cabelos ao vento, câmera lenta... enfim, elas estão o tempo todo sendo assistidas. Na vida real não! Enquanto escrevo este texto ninguém me vê. Não há trilha sonora selecionada, a não ser a música ridicularmente alta colocada pelo vizinho e que me acordou hoje cedo. Enquanto eu penso não há ninguém “traduzindo” minhas ondas cerebrais em palavras. Ninguém lê na legenda o que eu penso e o que sinto e se sinto. Aqui também – e isso certamente é o amis assustador – não há roteiros. A vida não segue roteiros prontos e acabados com falas e cenas predefinidas. A vida corre um fluxo contínuo, uma história que tem um fim em si mesma: ela improvisa. Não há ensaios.
Quando se erra, se erra pra valer e o filme real continua. As palavras ditas não voltam atrás, apenas se perdoam quando há vontade. Não há marcação de palco e nem mesmo atores definidos. Se vive uma cena de cada vez numa tela imaginária que ninguém assiste.
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