Era um labirinto intransponível sem entrada nem saída. Suas paredes eram de pedra maciça escritas em giz incolor todos os nomes dos amores esquecidos, antigos romances adormecidos, os lembrados e até mesmo os não vividos.
Nesse labirinto muitos morreram indigentes, outros tantos se perderam inominados.... Mas estão todos lá: fossilizados, vivos ou não, permanecem. Jogados num beco sem saída, perambulando numa volta sem curva, nomes pichados nas paredes cobertos por musgos e trepadeiras. Peregrinando entre câmaras e átrios nesse labirinto vivo e pulsante com paredes vermelhas, chão batido jamais pisado: terra de ninguém.
Talvez um dia chegue (e chegará) em que alguém pise o chão molhado de sangue e, sem medo, temor ou dúvida e andará por esses corredores e como um jardineiro, limpará a relva bravia, carregará todos os corpos imateriais para longe. Vai limpar as paredes escuras e repletas de musgos e só aí então vai perceber que o labirinto que parecia de pedra é mais transparente que o diamante, translúcido e brilhante a ponto de poder ver de longe a saída.
No entanto, por algum tipo de encanto terno resolve ficar. Percebe que se do labirinto sair jamais se encontrará. Então sem peso na alma e na consciência, sem medo, temor ou dor será daquele labirinto o eterno zelador.