Os números
não precisam ser apagados do celular, pois já estão na memória de qualquer
forma. Apenas não se quer ligar mesmo, não tem mais por que! A devolução de
pertences alheios se faz sem cerimônia. Por um amigo ou uma amiga em comum. O
que der. O resto não se faz questão. Perfis sociais modificados por frases que
alcancem de alguma forma o outro, do outro lado. Ora que machuquem, ora que
façam refletir...
A casa
vazia, cheia de lembranças despedaçadas. A alma vazia, cheia de hematomas
metafísicos, enrugada, acuada em algum lugar do estômago que dói... (preciso
daquelas pastilhas para gastrite...)
O amor,
sentimento puro e verdadeiro, cede à frustração e ao constrangimento. Busca-se
rotas de escape, fugas, paliativos, algo que preencha, nem que seja só por uma
noite, o vazio deixado pelo outro. Busca-se apenas, sem perspectiva de encontrar
de fato. Não há muito a ser feito, a não ser parar de esperar.
Os finais de
semana que eram vazios tornam-se terrivelmente vazios. Os dias preenchidos por
ligações preocupadas são bruscamente finalizados com um “the end” gigante. Entre um copo e outro, entre um corpo e outro,
entre um filme e outro, entre um beijo e outro: apenas o torpor e a mesma
hanseníase sentimental de uma vida sediciosamente estranha.
A vida segue
cambaleante. Como um ébrio que não consegue sustentar a si mesmo. Ambos livres
para escolherem suas próprias escolhas... percorrer seus próprios caminhos. Se
cada segundo foi uma eternidade, observemos o que vem pela frente.
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