Era hora de seguir. A passos lentos, sim, a passos lentos!
Era o momento certo de fugir, desistir. A hora
exata de não buscar. Quando se busca o outro a possibilidade de frustração
aumenta potencialmente. O inferno é o outro. O paraíso é o outro.
O entretempo de não busca é eterno. É maçante, é
anacrônico: o tempo é a telófase de si mesmo e gera uma distensão
insuportável: um paradoxo.
Esse vácuo de emoções, entretanto, é
lamentavelmente necessário. Ele é o ventre gerador de matéria. De novidade. De
existência. O vácuo emocional é a fração eterna do segundo que antecede o
Big-Bang - esse que transforma tudo que não é em existência levemente superior.
É quando as coisas voltam a fazer sentido, pois o tempo novamente segue sua
trajetória caótica, porém, perceptível.
Ir em frente é importante quando permanecer é insuportável: ir em frente é importante quando não existe tempo, só para ter a sensação
– meros impulsos elétricos via neurotransmissores – de estar vivo num mundo
feito de sensações.
Um dia (e pode ser que esse dia nunca chegue no
tempo que nos é dado para estar no mundo de sensações) um devastador Big-Bang
da início a marcha inexorável do tempo e do espaço, e tudo que era vácuo é
preenchido com as mais quentes e belas possibilidades de vida, pois é
justamente no meio do caos que nasce o novo. No desequilíbrio que surge a novidade
e tudo que era vácuo não passa de lembranças risíveis.
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